Redes Sociais—um dilema ético.
Quem tá só ouvindo no podcast não vai ver esse comecinho, mas não te parece que esse quadro é um pouco torto no vídeo?
Ele tá retinho.
A impressão que eu tenho e a cortina também, não sei, pode ser impressão, pode ser que quando eu for ali pra edição eu veja eles retinhos.
Ele tava aqui, eu não tava gostando, aqui é o lugar original dele, e eu mudei ali, porque eu tava achando um pouco…
aqui não tava funcionando.
Enfim, eu tô testando esse novo ângulo aqui, não é o assunto de hoje, mas aproveitar que eu resolvi gravar porque esse canal, o meu objetivo com esse canal, e isso tem a ver com o assunto de hoje, é isso, é ser tranquilo, falar sobre as coisas, compartilhar e testar.
Então eu tô testando esse novo ângulo, o meu objetivo é tirar a mesa daqui, que é onde ela tá agora, e colocar ela aqui, e deixar esse ângulo.
Então a mesa não tá aqui ainda, eu só coloquei a câmera num tripé pra testar, pra ver se o ângulo ia ficar bom.
Eu gostei, eu gostei de um pouco mais de profundidade.
Esse era o ângulo, talvez o segundo ângulo que eu usei quando eu vim pra esse estúdio, acho que a câmera ficava ali, aí depois eu coloquei aqui, e já mudei algumas vezes.
Então é isso, tô testando.
E tem a ver com o assunto porque num canal, num podcast, mais profissional, não daria pra fazer isso, não posso começar dessa forma.
Eu falei um pouco sobre isso na nossa última conversa, e por isso que eu resolvi gravar e falar sobre isso, porque eu fiquei com aquilo na cabeça das redes sociais, e de como eu venho tentando combater isso, tornar isso algo menos perverso pra mim.
Não encontrei solução, acho que eu tava conversando com a minha esposa esses dias, e eu acho que solução pra isso é não usar.
Quem tem uma certa idade vai lembrar daquele filme Jogos de Guerra, e tem uma frase que eu nunca esqueço, quando o computador simular, pra quem não assistiu, no final do filme o computador tá simulando a terceira guerra mundial pra ver quem lançava os mísseis primeiro e como aquilo, quem podia vencer a guerra.
E aí o computador entrou em pane e disse uma frase, ele disse em inglês, Strange game, o filme é em inglês, né?
Strange game.
The only winning move is not to play.
Ou seja, jogo estranho.
A única jogada vencedora, a única forma de vencer é não jogar.
Ele tava fazendo uma analogia com o xadrez, o lance, o único lance possível pra vencer é não jogar.
E eu lembrei dessa frase esses dias e disse pra minha esposa, isso parece que é assim que a gente tem que lidar com redes sociais, porque é insano.
Essas empresas, elas fazem de tudo pra nos prender e usar, explorar as nossas fragilidades humanas em favor deles.
Eles é que ficam ricos, eles é que são o que são e nós ficamos dependentes disso.
Quando eu disse que eu não encontrei a solução, um caminho, um possível caminho, é que o que eu optei por fazer primeiro foi parar de usar redes sociais, que eu chamo de centralizadas e tradicionais.
Eu não, as pessoas chamam de centralizadas, eu chamo de tradicionais.
Mas ficou faltando uma coisa, porque eu…
Deixa eu dar um passo atrás.
Quando eu comecei a produzir conteúdo, eu escrevia em blogs e as pessoas, elas assinavam os blogs, o que nós chamávamos de feed RSS.
Então as pessoas assinavam.
Era como se fosse uma rede social particular, é como todas as redes deveriam ser, né?
E aquilo aparecia em ordem cronológica para quem assinasse o blog.
Então à medida que eu ia escrevendo e divulgando o blog, as pessoas iam conhecendo o blog e assinando o blog, elas iam vendo o que eu ia produzindo.
Muito parecido com rede social, só que em uma timeline cronológica e cada um assinava o que queria ler e ver.
Essa produção, ela funcionava porque existia essa forma de consumo.
Depois com as redes sociais, virou essa loucura de ter que publicar, publicar, publicar em redes sociais.
Outro dia eu estava ouvindo a minha reclamação, quando eu comecei o primeiro canal no YouTube, a minha reclamação, o meu primeiro vídeo, eu até coloquei ele como um episódio do podcast para as pessoas, para ter história, né?
Eu reclamando disso, do Facebook, porque o Facebook, ele não só estava usufruindo das pessoas que estavam usando a rede, consumindo a rede, mas ele passou a usufruir das pessoas que precisavam divulgar o seu conteúdo na rede, porque aí ele começou a não mostrar todo o conteúdo para as pessoas e eu tinha que pagar para fazer o meu conteúdo aparecer para as pessoas.
Então, uma exploração dupla que me deixou extremamente irritado e foi o que me levou a abandonar o Facebook, a página do Facebook na época e migrar para o YouTube.
Mas, depois de um tempo, eu tomei a decisão de sair das redes como um todo, como pessoa que estava sendo explorada por essas empresas.
E você que acompanha há algum tempo sabe que isso foi um processo, não foi um processo simples.
Eu saía e voltava, saía e voltava, saía e voltava, apagava tudo, voltava.
É difícil.
E eu acho que muito do difícil está relacionado à divulgação do meu conteúdo.
Eu não tinha como divulgar esse conteúdo que eu produzo se eu não estava nas redes sociais.
E aí, recentemente, estou falando recentemente em termos de internet, porque já faz alguns anos, surgiram as redes descentralizadas.
Então, só para fazer uma explicação rápida aqui, quando você pega uma rede como o Facebook, Twitter, YouTube, todas essas redes são redes centralizadas.
Elas têm uma empresa por trás ou o que quer que seja, uma pessoa.
Enfim, tudo está ligado a esse centro, o que é determinado na rede, todos têm que seguir.
E elas são separadas, são centralizadas.
Cada centro vive o seu universo paralelo.
Uma coisa ridícula que eu tenho visto é os donos das suas redes sociais, que eu não vou citar nomes aqui, porque isso está me cansando, mas cada um fala, parece que está falando com as paredes.
Um fala na sua rede, o outro responde na sua outra rede.
Que coisa ridícula, que coisa infantil.
Enfim, é só isso que eu vou dizer.
Mas é só para perceber o tanto que isso é separado e cada um centralizado no seu universo.
Quando a gente fala de redes descentralizadas, não existe um controlador, existe um protocolo.
No caso do ActivityPub, que é o que o Mastodon usa, o que o meu blog usa, o que o WordPress está adotando, Flipboard, o Medium está adotando, Ghost, uma série de empresas, eles estão adotando o ActivityPub.
Falei também sobre isso recentemente, publiquei um vídeo sobre isso lá no canal principal.
O que acontece é que cada um pode fazer o que quiser, viver no seu mundinho, no seu universo, e nesse caso são universos bem pequenininhos, mundinhos bem pequenininhos, mas esses universos se falam.
Então eu consigo, por exemplo, não só ver conteúdo de um outro, vamos chamar de galáxias, de uma outra galáxia, como eu consigo também interagir, responder, dar like, fazer o que for, e também ser respondido a partir de outra dessas pequenas galáxias.
Então não tem dono, é um protocolo, é um protocolo inclusive do W3C, que é o consórcio da web, então é um protocolo que qualquer um pode adotar.
Por exemplo, a plataforma de blog que eu uso não usava, não adotava esse protocolo, e eles adotaram.
E curiosamente nem o Mastodon, no começo, usava o ActivityPub, eles adotaram o ActivityPub depois.
Então esse universo, que foi para onde eu consegui ir e passar a divulgar o meu conteúdo, me deu um pouco de esperança.
Ah, eu posso ir para um lugar mais calmo, mais tranquilo, e ainda assim divulgar meu conteúdo.
Não é a mesma coisa, porque o volume de pessoas nas outras redes é absurdamente maior, porém existe o lado do bem-estar.
E isso, e aí vou um pouco ao meu lado de consumidor, o lado do bem-estar de ver poucas coisas, de não ficar rolando, rolando, rolando, rolando a tela igual um maluco, estressado com aquilo, aqueles barulhos.
Sabe o que mais me irrita naqueles, nesses TikToks e similares?
Não é nem o, não é nem o, a velocidade, é o espaço entre uma passagem e outra.
Parece que você consegue ver, sentir a, quando a pessoa está passando de uma tela para outra, parece que você consegue sentir a ansiedade da pessoa.
É muito louco aquilo, acho que é o que mais me irrita quando eu ouço as pessoas passando de um para o outro.
Mas enfim, com essas redes eu consigo publicar, eu consigo divulgar, porém não tem o volume.
Por outro lado, quando se fala em volume, também é uma loucura para quem produz, porque como existe um algoritmo nas outras redes centralizadas, vai depender do que o algoritmo quer mostrar e do que o dono da rede quer mostrar, certo?
Então, não necessariamente ter um montão de gente significa o que você vai falar com um montão de gente, que é a minha reclamação lá de trás do Facebook, quando eles começaram a não mostrar tudo o que eu colocava na página para as pessoas que segui