Uma das minhas muitas paixões é ajudar pessoas e empresas na criação de processos mais eficientes e harmônicos. O caminho até aqui, entretanto, passou por várias outras paixões e foi longo e sinuoso, porém repleto de aprendizados.

Anos 80 e 90

Tudo começou com um computador Apple II+ de segunda mão, que comprei na minha adolescência após juntar dinheiro por um bom tempo. Incontáveis noites em claro dedicadas àquele computador resultaram em uma forte paixão pela informática; contudo, essa não foi a profissão que escolhi seguir.

O curso de graduação acabou sendo Economia, que mais tarde complementei com uma extensão em Gestão de Projetos. Anos depois, em busca de outra paixão, obtive uma pós-graduação em Relações Internacionais. Essa combinação inusitada acabou sendo a mistura perfeita que me levou a trabalhar num dos mais longos projetos da minha carreira de consultor. Mas estou me adiantando bastante. Voltemos à linha do tempo.

Meu primeiro estágio foi no departamento de custos na sede do Serpro. Por uma série de razões que explico neste vídeo, considero este como o melhor emprego que tive na vida.

Nesta época, eu vivia em Brasília, portanto, o natural seria estudar para concursos e começar uma carreira como economista, quem sabe, no Banco Central. Ou algo similar. Não foi o que aconteceu. Ainda na faculdade, surgiu uma oportunidade de trabalhar na Varig, a maior companhia aérea do Brasil na época, o que acabou me levando ao cargo de gerente da agência de turismo Stella Barros, ainda em Brasília. 

Em 1999, depois de ter explorado oportunidades na economia e no turismo, chegou finalmente o momento da tecnologia na minha vida. Em retrospectiva, penso que foram as histórias de empresas que nasceram em garagens do Vale do Silício que ouvi na adolescência, em conjunto com a explosão de inovações que a Internet trouxe, que me fizeram embarcar no projeto PalmBR.com, um portal inteiramente dedicado ao incrível universo do Palm Pilot. Mudei para São Paulo e, apesar de muito esforço e dedicação e algumas parcerias importantes, o projeto fracassou. 

Anos 2000 a 2010

De volta a Brasília, durante os anos de 2000 a 2010, trabalhei como Consultor de Soluções no mercado de telecomunicações, diretamente envolvido na idealização de projetos de logística, rastreamento, etc. Os telefones celulares começavam a ter uma rede de dados mais confiável e já era possível conectá-los a palmtops, onde aplicativos agora podiam enviar e receber dados via internet móvel.

Aquele era o elo que não existia nos meus anos em São Paulo. Meu portal talvez tivesse dado certo se eu tivesse resistido um pouco mais. No fim, minha experiência serviu para gerenciar ou participar de projetos e soluções fornecidos pelas empresas de telecomunicação móvel, à AmBev, Banco do Brasil, jornal Correio Braziliense, Secretaria de Segurança Pública do estado de Tocantins, Itamaraty, Presidência da República, dentre outros.

Por muito tempo, não consegui perceber as ligações entre todas as minhas paixões, mas minha educação formal, os livros que mais gosto de ler e a minha afinidade com tecnologia sempre foram a combinação perfeita para trabalhar por iniciativa própria. Porém, após tanta energia dedicada ao PalmBR.com, era muito improvável que eu trocasse a comodidade de estar empregado em uma grande empresa pelo risco de ser o responsável pelo meu próprio salário.

A verdade, entretanto, é que a vontade de seguir sozinho nunca morreu por completo em mim, por mais que eu tentasse supri-la. Até me afastei o máximo que pude de tudo ligado ao online. Desapareci por completo, mas não foi suficiente. Gradualmente fui sendo novamente tomado pela energia do empreendedorismo.

Hoje em dia, percebo com mais clareza que meu caminho esteve sempre cheio de momentos em que uma vontade se sobrepunha à outra. Por exemplo, meu primeiro podcast, o VCP de 2005, foi criado e mantido como algo paralelo, quase que escondido, enquanto eu trabalhava no mercado de telecomunicações. Foi provavelmente por conta dele que comecei a me render ao inevitável, mas ainda seriam precisos alguns anos de batalha interior.

Nos projetos daquela época, que mencionei acima, eu sempre notava problemas relacionados ao trabalho em equipe, desorganização no armazenamento e localização de informações, caos em lugar de controle de atividades, enfim, organização e trabalho ineficientes. Era algo que eu tentava solucionar, buscando aprender mais a respeito de como resolver ou ao menos minimizar tantas dificuldades.

Outra descoberta importante foi o Evernote, que comecei a usar em 2008. Na época, eu ainda não havia percebido com clareza, mas a forma cronológica como o aplicativo guarda nossas notas, mudaria por completo a minha forma de ver a organização de informações. Atualmente sou usuário do Obsidian, mas a base do meu sistema de organização pessoal foi definitivamente criada no Evernote.

Ainda trabalhando no mercado de telecomunicações, o caos à minha volta e a busca por soluções, reacenderam um pouco mais meu gosto pelo online. O estudo de metodologias e frameworks terminou por me levar anos depois à criação do Workflow-C, baseado em Metodologias Ágeis, Kanban e Kaizen, que utilizo atualmente nas minhas Mentorias para empresas.

2012 em diante

Foi só em 2012 que tive coragem de voltar ao empreendedorismo, com várias iniciativas ocorrendo em paralelo. Publiquei o livro Organizando a vida com o Evernote, participei da minha primeira Evernote Conference, dentre várias outras coisas. Mas enquanto tudo isso acontecia, eu ainda não havia definido por completo quais serviços eu ofereceria e que mercado eu atenderia com a minha nova empresa. Essa é outra longa história que quem sabe um dia compartilharei no blog.

Desde 2018 moro no Porto, em Portugal e, em 2024, o Timeline System foi finalmente sistematizado. Ele segue os mesmos princípios do Workflow-C, mas é focado na organização pessoal.