Produtividade é uma palavra que eu sempre fiz muito esforço para não colocar nos meus textos e vídeos.

Enquanto economista, quando eu olho para essa palavra, eu penso em máquinas.

Eu penso especificamente naquele filme Tempos Modernos.

Eu penso em algo que transforma os humanos em máquinas.

Naquele filme tem uma cena em que o Chaplin entra nas engrenagens de uma máquina.

É exatamente aquilo que eu penso quando eu vejo textos aumente sua produtividade, melhore sua produtividade, coisas desse tipo.

Para mim é totalmente desumanizador.

Não gosto.

Porém, eu usei essa palavra algumas vezes porque isso está ligado àquela outra conversa que nós tivemos a respeito de redes sociais.

É uma palavra que gera cliques e é por isso que as pessoas usam essa palavra.

E eu sei que ela gera cliques porque quando eu coloco essa palavra, os vídeos e as postagens e qualquer coisa que tenha essa palavra, eles desempenham melhor.

Mas, honestamente, toda vez que eu faço isso, eu me sinto mal.

Eu me sinto mal por isso que eu mencionei no começo.

Eu não consigo conectar essa palavra com algo que seja bom.

Eu sempre conecto com…

eu não gosto.

Mas eu precisava de uma palavra para explicar o que eu queria dizer porque eu também acho que existem formas de fazer as coisas que não sejam…

que não exijam muito de nós.

E é sempre isso que eu procuro.

Eu nunca procurei essa ideia da máquina, da transformação do humano numa máquina.

Eu sempre procurei algo…

será que eu posso fazer com um pouquinho menos de esforço?

E fazer bem?

E fazer com prazer, mas sem todo o esforço?

E eu sempre via a palavra, quando eu escolhi essa palavra, desde então, eu sempre via a palavra eficiência como a palavra que encapsula isso, que me permite passar essa ideia de que é algo que eu estou fazendo sem despender uma enorme quantidade de energia, mas eu faço com intenção e atenção.

Não é como produtividade.

Porém, eu andei lendo umas coisas e ouvindo umas coisas a respeito dessa palavra.

Eu sei que é só uma palavra, mas agora eu não consigo mais usar essa palavra.

Eu preciso de outra palavra.

Deixa eu te mostrar aqui algo que…

isso é uma tradução que foi feita pelo Gemini, tá?

Esse é um podcast em inglês, é o 99% Invisible.

Tem uma passagem do episódio recente, é um episódio…

é um especial de 15 anos do podcast.

Então tem uma passagem sobre eficiência que eu ouvi…

eu não sei quantas vezes eu ouvi essa passagem, eu achei incrível.

E aí eu transcrevi, pedi para a IA transcrever essa passagem, depois eu pedi para o Gemini traduzir para o português, porque eu queria falar sobre isso e tem relação com várias outras coisas que eu quero falar, que eu quero conversar hoje de outras partes que estão ligadas ao meu problema com eficiência.

Essa marcha para fazer as coisas cada vez mais eficientes torna o mundo um lugar pior.

É o que diz o Roman Mars, que é o host do podcast.

Em termos de publicidade, a ideia de que a gente ia medir com eficiência o quão eficaz a publicidade era através de cliques e visualizações e coisas do tipo apagou todo o dinheiro extra que tornou possível todo o jornalismo e toda a cultura pop do século XX.

O que ele está querendo dizer são todas essas estruturas de AdSense e tudo isso de que me levam a clicar, me levam a visualizar uma publicidade.

Eu posso medir com altíssima precisão quem está clicando em quê e por que alguém está clicando em quê.

O que nos traz hoje para toda essa questão de redes sociais e algoritmos.

E ele continua falando disso, ele dá o exemplo de um restaurante, enfim.

Chega uma hora aqui que ele fala, eu acho que a eficiência é um lixo absoluto.

E ele usa esses termos mesmo em inglês.

Eu sinto que você sempre deveria permitir grandes doses de ineficiência para fazer uma cidade ser um bom lugar.

Eu realmente odeio o foco em eficiência.

Não só ela destrói todas as coisas boas, como também apaga o dinheiro e dá para as piores pessoas.

E aqui o que ele está querendo dizer é isso de transferência.

Eu torno as coisas mais eficientes em prol de fazer as pessoas que já estão ricas, as grandes corporações ganharem mais dinheiro e eu transfiro esse dinheiro de quem mais precisa do dinheiro para quem menos precisa do dinheiro.

É muito interessante, eu vou deixar um link.

Deixa eu só ler essa parte aqui da cozinha, porque essa parte da cozinha é genial.

Acho que é o retrato dessa ideia da eficiência.

Um restaurante, não é cozinha, é um restaurante.

Um restaurante mais eficiente é uma ghost kitchen, ou seja, uma cozinha fantasma, que nem tem vitrine.

Porque uma vitrine é ineficiente, já que às vezes pode estar vazia.

E é uma ghost kitchen que simplesmente te envia as coisas, ou seja, as suas comidas, usando uma pessoa que é mal paga e leva as coisas até a sua porta e você nunca sai de casa.

É no limite, claro.

E ele fala de várias coisas nesse sentido e isso me fez pensar, me fez refletir sobre essa coisa da eficiência.

E aí eu estava lendo, olha só isso.

Aqui nessa revista Shifter, que eu descobri lá no Blue Sky, a propósito, se você quiser acompanhar, me acompanhar lá no Blue Sky, é arroba vladimircampos.com.

Então tem esse artigo aqui escrito por João G.

Ribeiro.

É um artigo, o fim, a vida no fim da internet.

Na verdade, toda a edição dessa revista foi sobre isso, sobre essa redissocialização da internet e destruindo essa internet que a gente tinha antes.

Então nesse artigo ele termina dizendo o seguinte.

Ele propõe que ainda há esperança.

Uma internet diferente começa a criar-se com diferentes histórias sobre a internet, que não sejam sobre milhares de seguidores, conteúdo infinito, disponibilidade imediata e a sublimação de tudo o que é físico, mas antes sobre alteridade, limites, tangibilidade e vulnerabilidade.

Histórias em que a vida não se guia pela eficiência.

Eu até circulei aqui a palavra eficiência e escrevi do lado Roman Mars, mas pela curiosidade não seja sinônimo de performance, mas de relação.

Que conclusão maravilhosa! É muito interessante isso e eu tenho lido mais sobre isso.

Não é que eu tenho lido mais sobre isso, acho que eu comecei a prestar atenção, conectar essas coisas e comecei a perceber essa coisa da eficiência atrapalhando a beleza de certas coisas, a humanidade de certas coisas.

E de novo, eu sei que é só uma palavra, mas ela tem sentido, ela transparece alguma coisa.

Acho que a busca desse equilíbrio, nessa balança da nossa vida, ela está cada vez mais super exposta por conta dessa quantidade absurda de IA em toda parte.

Olha só que interessante, depois que eu ouvi o podcast do Roman Mars, não sei se algumas horas ou alguns dias depois, eu ouvi um outro podcast e a pessoa estava falando, eles estavam falando de como usavam IA e uma das pessoas que estava participando do podcast falou que ele usava IA para fazer resumo de episódios de séries e aí ele começou a comentar sobre uma série que eu estou acompanhando que é o Alien Earth.

Eu gosto de ficção científica, eu gosto do Alien.

Então essa série do Alien, ela é passada na Terra e é bem confusa, tem várias coisas que eu não entendo.

E eles, a própria série, os próprios produtores da série, eles disponibilizaram um podcast oficial.

Então a cada episódio eles conversam sobre os episódios, tem diretores, tem os atores, tem tudo lá.

É uma conversa super…

Eu não sei o que é mais interessante, o episódio da série ou o episódio do podcast.

Gosto dos dois.

E essa pessoa estava dizendo, em especial sobre o Alien Earth, que ele pediu resumo para o chat APT para poder entender o episódio.

E ele vinha fazendo isso com outros, que ele já vinha fazendo isso com outras séries também.

E eu fiquei pensando, poxa, e todo o amor, toda a dedicação, toda a qualidade de produção do podcast.

O podcast é maravilhoso.

A vida não é só saber, não é só eu ter a informação, não é só saber precisamente.

E o prazer de ouvir o podcast, e o prazer de ouvir aqueles humanos discutindo aquele assunto, não conta?

Às vezes eu penso que nós estamos criando essa desumanização em tudo, né?

Tudo tem que ser super eficiente.

Eu vou ouvir rápido, vou saber logo, vou entender tudo rapidamente.

Mas existe um outro lado dessa moeda.

O outro podcast que eu ouvia dizia, falava sobre uma empresa que produzia um serviço, que disponibilizava um serviço, que era a pessoa tirava foto de um produto que estava com um problema, mandava essa foto.

Não sei como era, mas enfim.

Um IA analisava essa foto, esse vídeo, qualquer coisa que seja, e detectava, é realmente, tem um problema, e devolvia, já ia fazer contato com o estoque, e do estoque já mandava para o comprador, para o cliente.

Então não tinha uma demora, não tinha uma relação com nenhum humano, era direto.

E eu fiquei pensando, poxa, se isso funciona mesmo, porque eu tenho que ficar um tempão explicando alguma coisa para um humano, isso é muito chato para os dois lados, e ao mesmo tempo eu tenho passado por situações em que humanos têm cometido erros, não que IA não cometa, IA também comete vários erros, mas humanos têm cometido erros.

Eu tenho percebido em algumas situações que não é má fé, e não é falta de vontade, é talvez um treinamento que não foi bem feito, a pessoa não sabe, porque às vezes eu ligo de novo, eu percebo que a pessoa, ou eu não me expressei bem, ou a pessoa não entendeu