Berlin

    nação distante

    uma fila de tanques
    um filho gritante
    (da nação distante)

    um Nobel da paz
    um notável capaz
    (da nação distante)

    uma fila armada
    com armas de fogo

    uma fila armada
    com armas de flores

    um acerto de cúpula
    um cerco à culpa
    (da nação distante)

    um muro no chão um mundo de confraternização (da nação distante)

    Não há data na página deste poema no meu caderno de poesias, mas como o Nobel da paz de 1990 foi anunciado no dia 15 de outubro de 1990, decidi atribuir esta data a este post, já que o poema, indiretamente, menciona Mikhail Gorbachev.


    Só o Amor Destrói

    Vejo através
    de fragmentos  da parede de concreto

    Vejo através
    de frações de um mundo incerto
    provas do que mudou
    do que diziam ser certo
    restos do que acabou
    do que era perpétuo

    Um muro Alemão
    e são tantos mais
    fronteiras sem razão
    guerra na Praça da Paz
    “Só o amor destrói”
    o que só o ódio constrói

    Vejo através
    de filas de tanques de guerra
    Vejo através
    de filhos que amam sua Terra
    provas do que mudou
    do que diziam ser certo
    restos do que acabou
    do que era perpétuo

    Vejo através
    de homens que não cansam de sonhar
    Vejo através
    de sonhos que não param de realizar

    Cai um muro alemão
    e o de outras terras mais
    não há fronteiras sem razão
    só paz na praça da guerra
    “Só o amor destrói”
    o que só o ódio constrói

    Em 1990 ganhei, não me recordo de quem, um fragmento do Muro de Berlim dentro de um pequeno envelope com a frase “SÓ O AMOR DESTRÓI” impressa na parte externa.

    Na parte interna desse envelope, que guardo até hoje, há um pequeno texto dizendo que o fragmento foi trazido ao Brasil por Wolger Wey, que honestamente não faço a menor idéia de quem seja. Por curiosidade, recentemente procurei informações na Internet mas não há nenhuma referência ou vínculo que eu tenha encontrado de uma pessoa com este nome e o Muro de Berlim.

    Confirmar a legitimidade do fragmento nunca foi algo que me importou e continua não sendo importante agora. O que está vivo na minha mente até hoje são as imagens que vi na televisão de uma multidão de pessoas derrubando um muro que nunca deveria ter existido. Isso é o que realmente importa!

    Lembro também que quando recebi o fragmento de presente, as imagens do muro sendo derrubado e a multidão passando pelo Portão de Brandeburgo começaram a se repetir na minha mente me fazendo pensar em quanto ódio foi necessário para construir um muro — e tantos outros tipos de muro que depois dele surgiram — dividindo famílias e amigos. Foi esse sentimento que me fez escrever o poema que ganhou o nome “Só o Amor Destrói”.