Vejo através
de fragmentos  da parede de concreto

Vejo através
de frações de um mundo incerto
provas do que mudou
do que diziam ser certo
restos do que acabou
do que era perpétuo

Um muro Alemão
e são tantos mais
fronteiras sem razão
guerra na Praça da Paz
“Só o amor destrói”
o que só o ódio constrói

Vejo através
de filas de tanques de guerra
Vejo através
de filhos que amam sua Terra
provas do que mudou
do que diziam ser certo
restos do que acabou
do que era perpétuo

Vejo através
de homens que não cansam de sonhar
Vejo através
de sonhos que não param de realizar

Cai um muro alemão
e o de outras terras mais
não há fronteiras sem razão
só paz na praça da guerra
“Só o amor destrói”
o que só o ódio constrói

Em 1990 ganhei, não me recordo de quem, um fragmento do Muro de Berlim dentro de um pequeno envelope com a frase “SÓ O AMOR DESTRÓI” impressa na parte externa.

Na parte interna desse envelope, que guardo até hoje, há um pequeno texto dizendo que o fragmento foi trazido ao Brasil por Wolger Wey, que honestamente não faço a menor idéia de quem seja. Por curiosidade, recentemente procurei informações na Internet mas não há nenhuma referência ou vínculo que eu tenha encontrado de uma pessoa com este nome e o Muro de Berlim.

Confirmar a legitimidade do fragmento nunca foi algo que me importou e continua não sendo importante agora. O que está vivo na minha mente até hoje são as imagens que vi na televisão de uma multidão de pessoas derrubando um muro que nunca deveria ter existido. Isso é o que realmente importa!

Lembro também que quando recebi o fragmento de presente, as imagens do muro sendo derrubado e a multidão passando pelo Portão de Brandeburgo começaram a se repetir na minha mente me fazendo pensar em quanto ódio foi necessário para construir um muro — e tantos outros tipos de muro que depois dele surgiram — dividindo famílias e amigos. Foi esse sentimento que me fez escrever o poema que ganhou o nome “Só o Amor Destrói”.